segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Ministério da Educação disponibiliza gabarito do Enem

da Folha Online

A realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) acabou às 18h deste domingo (horário de Brasília). A estimativa do Ministério da Educação é de que 3,5 milhões de estudantes participassem do exame. O balanço dos participantes ainda não foi divulgado.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) deve divulgar o gabarito da prova em seu site www.inep.gov.br/enem.

No entanto, os estudantes já podem acompanhar a resolução comentada por professores de alguns cursos pré-vestibular.

No site do Curso Objetivo os candidatos já podem conferir os comentários dos professores e a resolução das questões.

Outra opção é o Curso Anglo, que também oferece a resolução ao vivo das questões com professores a partir das 19h.

Nos sites dos dois cursinhos os estudantes encontram a opção de acompanhar as resoluções comentadas pela TV web.

Na segunda quinzena de novembro, os candidatos receberão o boletim com os resultados pelo correio. Eles também poderão consultá-lo pela internet.

As inscrições para o exame foram encerradas em junho. De acordo com o Inep, cerca de 500 instituições de ensino superior aceitam o uso de notas do Enem em seus processos seletivos.

Entre elas estão a USP, a PUC-SP, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a Unesp (Universidade Estadual Paulista) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O resultado do exame é também um dos critérios utilizados para habilitar os candidatos a se inscreverem no Prouni (Programa Universidade Para Todos), que dá bolsas em universidades particulares para estudantes carentes.

A inscrição no programa requer nota mínima no Enem de 45 pontos, em uma escala de zero a cem, considerando a redação e as questões de múltipla escolha. O Prouni só aceita inscrições de candidatos que tenham participado da edição mais recente do exame.

O Enem foi aplicado pela primeira vez em 1998, com 157 mil inscritos. Em 2006, houve 3,7 milhões de inscritos, contra os 3,5 milhões deste ano. De acordo com o coordenador nacional do Enem, Dorivan Ferreira Gomes, a redução ocorreu entre quem está no terceiro ano do ensino médio. Já o número dos que já concluíram aumentou.

Escolas adotam games e blogs nas aulas

Por: DANIELA TÓFOLI
FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

A batalha de professores e pais contra o videogame e a internet ganhou uma trégua: colégios particulares de São Paulo começam a adotar ferramentas como blogs e jogos de última geração para melhorar a aprendizagem dos alunos.

O colégio Santa Maria, que fica na zona sul da cidade, por exemplo, agora tem um laboratório para que os estudantes criem os seus próprios games.

A idéia é simples. Já que os jovens gostam tanto de videogame, nada melhor do que escolherem eles mesmos a história, os personagens e os desafios do jogo. O que não é simples é fazer o game funcionar.

"Para isso, eles precisam usar história, geografia, física, biologia, geometria e educação artística. Sem perceber, aplicam na prática o que aprenderam na aula", diz o coordenador do grupo de pesquisa e desenvolvimento de jogos eletrônicos da escola, Muriel Vieira Rubens.

Luis Henrique Hansen, 11, no laboratório de videogame do colégio Santa Maria Aluno do nono ano do fundamental, Yuri Rodrigues, 14, pensou que seu trabalho seria bem mais fácil.

Com dois colegas, está desenvolvendo um game sobre a questão nuclear do Irã. O objetivo dos jogadores será impedir a Terceira Guerra Mundial no mundo virtual.

Para começar, o trio teve de ler sobre a atual situação iraniana, desvendar os significados da energia nuclear, desenhar os personagens com conceitos de geometria e aplicar fórmulas de física, como a da velocidade, para que os personagens corram. "Tem hora que é complicado, mas estou gostando. Não vejo a hora de ficar pronto", diz o garoto.

O projeto começou neste ano e, por enquanto, só os alunos que tiram boas notas podem participar da atividade.

Notas e pesquisas

Já no colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida, na zona sul, os alunos dependem de uma ferramenta interativa para ter boas notas. Por meio de um sistema chamado webquest, os alunos fazem pesquisas em vídeos e materiais gráficos. E utilizam o programa para apresentar seus trabalhos.

Os alunos da oitava série, por exemplo, foram divididos em grupos de cinco, e cada conjunto tem a missão de apresentar a melhor fonte de energia (elétrica, eólica, nuclear, entre outras) para uma cidade fictícia.

No final, precisarão apresentar relatórios com fundamentos econômicos, ambientais e tecnológicos para a opção, além de um jornal, que informaria a população sobre o tema.

A atividade começou neste mês e vale metade da nota do trimestre dos alunos, em ciências. "Buscamos um ambiente confortável para eles. A idéia é acompanhar essa geração de blog, do YouTube", diz o coordenador de tecnologia educacional, Fabiano Gonçalves.

Pela ferramenta, os professores conseguem monitorar quanto tempo cada aluno pesquisou e o que fez no grupo.

No colégio Ítaca, na zona oeste, a intenção é utilizar a internet para melhorar a integração entre os alunos. Por meio de blogs, alunos do sexto ao nono ano trocam informações sobre as pesquisas feitas. Cada grupo deverá apresentar um trabalho sobre o Brasil entre guerras.

"A idéia da atividade começou no ano passado, mas vimos que a comunicação entre alunos de diferentes anos não foi tão boa. Por isso, neste ano, adotamos os blogs", relata o coordenador-pedagógico da escola, Flávio Cidade.

No Santo Américo, zona sul, os alunos têm o conteúdo dado pelos professores na intranet do colégio. Há também um tira-dúvidas online, exercícios de reforço pela internet que valem nota e por todo o colégio há rede wi-fi para que laptops e celulares com internet sejam usados de qualquer lugar.

Já no Pio XII, na zona oeste, o conteúdo passado nas lousas digitais pode ser revisto pelos alunos via internet. O sistema foi adotado neste ano na escola.
25/08/2007 - 12h39

Escolas particulares de SP ensinam ética no uso da internet

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo

Para tentar disciplinar a pesquisa para trabalhos e frear as agressões entre alunos em ambientes virtuais --o que pode acarretar até em processo criminal--, escolas particulares de São Paulo decidiram incluir nas suas atividades o ensino de ética no uso da internet.

O exemplo mais recente é o tradicional colégio Bandeirantes (zona sul). Neste ano, os professores passaram por uma capacitação específica sobre o tema, e os alunos receberão uma cartilha que mostrará, entre outras coisas, as implicações criminais que algumas ações na rede podem acarretar.

Uma das situações apontadas é o repasse de e-mail que espalhe um boato, ação que se encaixa no Código Penal como difamação --pena de três meses a um ano. Se o autor do crime for menor de idade, os pais são os responsabilizados.

"Tivemos casos de estudantes que publicaram em sites e blogs fotos de professores em posições desconfortáveis", conta a coordenadora de tecnologia na educação do colégio, Cristiana Mattos. "Decidimos fazer ações de prevenção para que isso não aumente."

A partir do ano que vem, os estudantes da 5ª série do ensino médio terão no currículo uma disciplina específica sobre ética na internet.

"O problema é que pais, alunos e professores não têm idéia do transtorno que pode causar uma simples comunidade no Orkut que ataque um colega de classe", disse a advogada Patrícia Peck, especialista em direito digital e autora da cartilha.

Outra escola que procurou auxílio jurídico foi o Humboldt, colégio bilíngüe na zona sul. "Descobrimos um grupo de alunos que criou uma comunidade contra professores e alunos", relata a diretora, Beate Althuon. Após o episódio, a escola consultou um advogado e decidiu promover palestras sobre o assunto.

"A internet potencializa as agressões verbais, porque o adolescente acha que está protegido, não precisa se identificar", afirma a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, professora da PUC-SP. "Como os pais estão cada vez menos juntos dos filhos, realmente as escolas precisam atuar para atenuar o problema."

Anorexia

No caso de Ana (nome fictício), 16, a ação da escola ajudou em sua recuperação. Ela sofreu uma depressão por se achar gorda. "Nas férias, ficava o dia todo na internet, não saía de casa. Era uma fuga da realidade." Quando as aulas retornaram, ela não fazia as lições nem estudava; só tinha ânimo para ficar no computador, o que fazia por dez horas ao dia.

Ana não queria nem mais se alimentar. Por isso, teve um princípio de anorexia e chegou a ser internada, com fraqueza. "Como trabalho o dia todo, tentava monitorar pelo telefone o tempo que ela usava a internet, mas era difícil", conta a mãe, que é psicóloga e tem 53 anos.

A internação fez com que a estudante passasse a ser tratada por um psicólogo. Mas o que impulsionou sua recuperação foi uma palestra na sua escola, o Santa Maria (zona sul), cujo tema era "Perigos e Ameaças Online". "Vi que o meu problema era até comum. Não era só uma frescura de adolescente."

Pesquisa

No colégio Augusto Laranja (zona sul), o foco é como pesquisar corretamente. O trabalho começa já para as crianças da 2ª série, que estão na casa dos oito anos. Elas ganham uma cartilha logo no começo do ano e trabalham com professores nos laboratórios.

"Desde cedo, queremos mostrar que pesquisar na internet não é só copiar e colar", disse a diretora operacional e de informática, Jania do Valle. "Tem de verificar a fonte e qual o autor. E essa informação precisa ser apenas uma parte da pesquisa, o texto final deve ser do aluno."

No Dante Alighieri (zona oeste), as discussões são amplas, vão desde a pesquisa para trabalhos até as ofensas de alunos pela rede. "Mostramos que a internet é uma falsa proteção", disse a coordenadora do departamento de tecnologia educacional, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira.
26/03/2007 - 09h54

Ensino a distância começou com cartas a agricultores

Por: CAMILA MARQUES
da Folha Online

Por volta de 1850, agricultores e pecuaristas europeus aprendiam, por correspondência, como plantar ou qual a melhor forma de cuidar do rebanho. Esse é o começo do ensino a distância.

Essa modalidade de ensino apareceu no Brasil, timidamente, no começo do século passado, por correspondência.

Em 1934, o Instituto Monitor inicia suas atividades --esta é a instituição mais antiga em funcionamento no país a oferecer educação não-presencial. Sete anos depois, o Instituto Universal Brasileiro começou a funcionar. Nenhuma das duas empresas divulga o número de diplomas de conclusão emitidos.

O método de ambos era semelhante: iniciação profissional em áreas técnicas, sem exigência de escolaridade anterior, por correspondência. No Universal, o forte são os cursos supletivos e, no Monitor, os cursos técnicos. Até hoje, quando a internet é vista como principal ferramenta da EAD (educação a distância), as duas entidades ainda optam por transmitir suas aulas por apostilas enviadas pelo correio.

O motivo é o perfil do público atendido. "São pessoas na maior parte empregadas, com certa escolaridade [ensino médio], mas que buscam um registro profissional. O computador restringe a possibilidade de estudo. Com as apostilas, o aluno pode estudar no ônibus, por exemplo", diz Marcos Palhares, responsável pelo departamento de marketing do Instituto Monitor.

Rádios

Antes da consolidação da EAD por aqui, destaca-se também como importante ferramenta na difusão da modalidade o rádio, importante meio de comunicação de massa. Em 1947 o Senac, junto com o Sesc e com a colaboração de emissoras associadas, criou a Universidade do Ar, em São Paulo. O objetivo era oferecer cursos comerciais radiofônicos.

Os programas, gravados em discos de vinil, eram repassados às emissoras que programavam as emissões das aulas nos radiopostos três vezes por semana. Nos dias alternados, os alunos estudavam nas apostilas e corrigiam exercícios, com o auxílio dos monitores. Na década de 1950, a Universidade do Ar chegou a atingir 318 localidades e oitenta mil alunos.

Profissionalização

Mais tarde, em 1976, foi criado o Sistema Nacional de Teleducação. O programa que operava principalmente através de ensino por correspondência, realizou, também, algumas experiências (1977/1979) com rádio e TV. Em 12 anos, o Sistema acumulou 1.403.105 matrículas, em cerca de 40 cursos diferentes.

No Brasil, fundações privadas e não-governamentais começaram a oferecer supletivo a distância na década de 70, no modelo de teleducação (telecurso), com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos. Nessa época, o país era considerado um dos líderes da modalidade, com os pontos fortes também no Projeto SACI e Projeto Minerva, que já capacitava professores com formação, apenas, em magistério.

Entre 1988 e 1991, se deu a informatização e a reestruturação do Sistema de Teleducação, estabelecendo-se as diretrizes válidas até hoje. Foi já nesse contexto que, em 1995, o Departamento Nacional de Educação criou um setor destinado exclusivamente à EAD --o CEAD (Centro Nacional de Educação a Distância).

Futuro

Em 1995, já era impossível dissociar o futuro da EAD da internet. A partir deste ano o meio começou a ser usado pelas instituições de ensino superior, que já vislumbravam um novo mercado.

Do ponto de vista legal, têm-se em 1996 a consolidação da última reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei nº 9.394/96. Ela oficializa a era normativa da educação a distância no Brasil pela primeira vez, como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino. Pela primeira vez, na história da legislação ordinária, o tema da EAD se converte em objeto formal.

As primeiras experiências bem sucedidas se deram com o início da oferta de cursos de pós-graduação, em 1997. Porém, foi só em 1999 que o MEC (Ministério da Educação) começou a se organizar para credenciar oficialmente instituições universitárias para atuar na EAD, processo que ganhou corpo em 2002.

Hoje, 33 instituições são autorizadas a ofertar cursos de graduação --30 delas voltadas para formação de professores-- e 38 de especialização. Os cursos livres e profissionalizantes, que não precisam de regulamentação, são estimados em milhares pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância)

Com informações do Senac, MEC e do livro "ead.br - Experiências inovadoras em educação a distância no Brasil", publicado em 2004 pela Editora Anhembi Morumbi.
29/09/2004 - 15h52

Os notívagos da web

Assista o vídeo da reportagem aqui
Os pais reclamam, e as pesquisas até indicam que faz mal. Mas qual é o adolescente que resiste à tentação de atravessar a noite, varar a madrugada, mergulhado na internet, diante de um computador?
São seis horas da manhã. Fernanda precisa ir à escola, mas mal consegue se mexer. Mas porque tanto sono, Fernanda? A explicação: a estudante, de 14 anos, passou boa parte da madrugada ligada, na frente do computador!
"Meu olho está doendo. Estou com os olhos cansados. Com vontade de encostar a cabeça no travesseiro e dormir de novo", diz ela.
Mas Fernanda tem um dia inteiro pela frente. As aulas começam daqui a pouco. A rotina é a mesma de outros tantos estudantes brasileiros: tomar café, escovar os dentes, subir na perua escolar, encarar o trânsito da cidade, chegar no colégio, entrar na sala de aula. Mas não é só ela que está com sono não!
"A maioria do colégio fica até altas horas no computador", confessa o estudante André Dias Rosa.
A Universidade Estadual de Campinas resolveu estudar o fenômeno desses tempos modernos. Fez uma pesquisa detalhando o perfil e o comportamento desse adolescente que passa madrugadas inteiras em frente ao computador.
São jovens de ambos os sexos, de 15 a 18 anos, que acessam a internet, durante a semana, das 21h às 3h da madrugada. Nos finais de semana, o acesso começa mais cedo: 17h. Todos acordam por volta das 6h da manhã do dia seguinte. Os riscos para a saúde são grandes.
"Os adolescentes que acessam o computador durante a noite apresentam muito mais sonolência diurna do que aqueles que não acessam. Eles vão apresentar mais irritabilidade, dificuldade de concentração, dificuldade de memorização", explica a psicóloga e pesquisadora Gema Mesquita
"Você não presta a atenção na aula, você perde a concentração", admite o estudante Rafael Monteiro Pereira. E teus pais? "Minha mãe já desistiu de falar alguma coisa".
Gabriel descobriu a internet na pré-adolescência. A vida dele mudou.
"Eu tinha 14 anos, estava começando a sair, estava começando a conhecer gente, estava começando a me envolver com trabalho. Era uma série de coisas acontecendo e que fizeram com que o meu foco mudasse", explica Gabriel Marchi.
O que os adolescentes mais gostam são os programas de bate-papo. São horas e horas a fio em conversas on-line. Para muitos, é uma boa oportunidade de conhecer gente.
“Eu acho que a vergonha vai embora. Pelo fato de ninguém te ver você se libera mais", comenta o estudante Caio Ferrara Memoli.
"São 4h10 da manhã. Estou com sono. Vou dormir. Mas parece que está cheio de gente me chamando para conversar ainda", diz Gabriel.
"Você pode fazer um amigo na Holanda, você pode fazer um amigo na Sibéria, você pode fazer um amigo no Rio Grande do Sul. Então tudo isso é um atrativo”, diz Walkyria Marchi, mãe de Gabriel.
"Se é pela timidez que eles estão na frente do computador, eles estão deixando de enfrentar o grande medo que eles têm e estão deixando de desenvolver a habilidade de interagir pessoalmente com as pessoas", analisa a psicóloga.
Os jovens que passam as madrugadas na frente do computador correm outros riscos.
"Na verdade, durante o sono é que existe a secreção do hormônio do crescimento, que é tão importante para o crescimento da criança e do adolescente. Ele não é secretado durante o dia, só durante o sono. A pessoa que não dorme o suficiente acaba com déficit de imunidade e começa a ter infecções com grande freqüência, tipo resfriado, gripes e este tipo de coisa", explica o neurologista Rubens Reimão.
Já que o computador faz parte da vida, fique ligado! A receita é essa: aproveite o máximo as maravilhas do mundo virtual, mas pegue leve!

Frase do dia



"Quando eu não for mais presidente, não vou fazer curso em Paris ou nos Estados Unidos",


presidente Lula, que não pensa em voltar ao banco da escola tão cedo.

domingo, 26 de agosto de 2007

Para alunos, Enem 2007 foi mais fácil

Para estudantes, tema da redação foi bem amplo. Confira a resolução do G1 feita por professores do COC e do Anglo.
Por: Fernanda Bassette
Estudantes ouvidos pelo G1 que fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem ) neste domingo (26) consideraram o exame mais simples que no ano passado.

Segundo eles, a prova seguiu os mesmos moldes dos anos anteriores - com questões interdisciplinares e muita interpretação de gráficos e textos - mas estava mais fácil de ser resolvida. O tema da redação - "O desafio de conviver com as diferenças"- também foi elogiado pelos alunos.

Clique aqui para conferir o gabarito oficial

Clique aqui para conferir a resolução do G1

"Foi uma prova bem tranqüila, com o jeito de sempre do Enem. Ela é um pouco cansativa porque tem bastante texto e interpretação, mas eu achei mais fácil do que no ano passado", disse a estudante Adrieli Barros Bessa, 17, aluna do cursinho Anglo. Segundo ela, a prova do ano passado tinha mais questões de matemática e química, o que não aconteceu nesse exame. "Esse ano a prova era basicamente interpretação", afirmou.

Bibiana Padula da Veiga, 17, aluna do terceiro ano do Colégio Vértice, em São Paulo, também achou o exame de 2007 simples. "A prova esse ano foi bem fácil, as questões estavam bem simples e a redação tinha como tema um assunto bastante acessível. Não tive dificuldade para resolver nenhuma questão", contou a estudante, que já conferiu o gabarito da prova e acertou 60 das 63 questões.

Carlos Augusto Amado Lopes, 18, aluno do cursinho Etapa, disse que acertou 58 das 53 questões da prova do Enem e que achou o exame de 2007 mais fácil que o de 2006. "A prova tinha bastante texto e o aluno tinha que prestar atenção para não cometer erros. Mas, comparando com a prova do ano passado, achei essa bem mais fácil.", disse o aluno. "O tema da redação foi bem amplo, sem muita dificuldade para o estudante".

Estudante do cursinho Etapa, Nathali de Almeida, 17, achou o exame um pouco cansativo por causa do excesso de questões que exigiam interpretação de textos. "Resolvi todas as questões, mas achei que a prova exigiu demais dos alunos porque estava cansativa. Física e biologia estavam um pouco complicado", disse a estudante. Nathali também elogiou o tema da redação. "Foi bem simples e acho que todo mundo tinha bastante coisa para falar sobre o assunto", disse.

A prova do Enem
O exame é formado por 63 questões de múltipla escolha de conhecimentos gerais (do conteúdo do ensino médio) e uma redação (que deve ser escrita na modalidade dissertação). Cerca de 3,5 milhões de estudantes se inscreveram para fazer a prova em todo o país. O Inep só deve divulgar o número de faltosos daqui a 15 dias.
O G1 publicou a correção do exame, feita por professores do Sistema COC de Ensino e Curso Anglo.

Vantagens do Enem
A prova do Enem não é obrigatória, mas a adesão aumentou consideravelmente nos últimos anos porque a nota no exame é utilizada como bônus na pontuação de diversas instituições de ensino superior. Algumas utilizam apenas a nota do Enem como critério de seleção. Ter partitipado do Enem também é requisito obrigatório para o estudante que quer pleitear uma bolsa de estudos no Programa Universidade para Todos (ProUni).

Redação nota 10 do Enem pode ter erro de português

Para obter nota máxima é preciso ter argumentos e propor soluções para o tema. Banca formada por 1.800 professores faz a correção rigorosa.
Por: Fernanda Bassette Do G1, em São Paulo
Não é necessário ter um texto impecável, sem erros de ortografia, para tirar 10 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para alcançar a nota máxima na prova, o aluno precisa escrever um texto bem "amarrado", que traga argumentos e propostas de soluções para o tema em questão.

No próprio site do Enem, o estudante encontra exemplos de redações que receberam nota 10 e que possuem pequenos erros de ortografia. O G1selecionou alguns trechos, leia aqui.

"O 'x' da questão é o aluno mostrar para o corretor que ele sabe argumentar sobre o tema proposto. Um acento faltando, uma palavra grafada incorretamente, ou a falta de um hífen não interferem na nossa análise. Não consideramos o erro pelo erro. Avaliamos o erro dentro do contexto", explica a professora Gisele Gama, coordenadora geral de correção das redações do Enem no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo exame.
Segundo a professora Gisele, se, por exemplo, um aluno escreve paralisação com "z" mas fez um texto coeso, com bons argumentos e de acordo com a proposta apresentada, ele não terá a nota final prejudicada por isso. "Ninguém domina completamente a língua portuguesa. Na dúvida, o aluno tem a opção de substituir a palavra por outra, nem que ele tenha que reescrever a frase. O bom escritor é aquele que também consegue mudar uma palavra", diz.

O professor Francisco Platão Savioli, coordenador de gramática, textos e redação do cursinho Anglo, concorda com a posição de Gisele. "A redação não tem como objetivo avaliar os conhecimentos 'prontos' do aluno e sim a capacidade que ele tem de construir conhecimento a partir de um tema que ele nunca viu uma resposta pronta antes. Escrever paralisação com 'z' não interfere no conteúdo da redação. É diferente de um aluno que escreve gente com 'j'. Você percebe na hora que o estudante tem dificuldades com a língua", diz o professor.

Bruno Rabin, professor de redação e interpretação de textos do cursinho Vestibular de A a Z, no Rio de Janeiro, diz que é muito fácil para o corretor identificar o aluno que tem repertório cultural, por isso os erros de ortografia não pesam tanto. "Forma e conteúdo andam juntos. Dificilmente um aluno que tem sérios erros conseguirá escrever uma boa redação", avalia.

Propor soluções e fugir do senso comum
Segundo a professora Gisele, outro fator muito importante na redação do Enem é que o aluno se posicione sobre o problema apresentado e fuja do senso comum. Ela acrescentou que o estudante precisa escrever sua posição pessoal sobre o tema e não ir à prova com uma 'receita de bolo'.

"A maioria dos alunos é treinada e tem uma receita de bolo pronta. Se todos escreverem da mesma forma é ruim. O aluno não tem que escrever o que ele acha que o corretor vai gostar, pois ninguém será punido por redigir algo que o outro não quer ouvir", destaca.

A professora de redação do cursinho Etapa, Célia Passoni, concorda. "Para propor soluções, o aluno precisa ter uma visão geral do cotidiano, precisa ler jornais, revistas. Além disso, ele tem textos de apoio que funcionam como uma 'bengala de velho' para ajudá-lo a caminhar. Mas, mesmo que um aluno treine muito um tema que ele suspeita que será cobrado na prova, é impossível ter uma redação pronta", afirma.

Correção rigorosa
Segundo Gisele, a correção das redações do Enem é feita por cerca de 1.800 corretores - afinal são 3,5 milhões de provas para serem analisadas. As provas são digitalizadas e distribuídas para a banca de corretores e cada texto é avaliado por duas pessoas. Se por acaso houver discrepância nas notas, automaticamente a redação passa para um terceiro avaliador.

"Fazemos todo o possível para manter o mesmo critério de correção para todos os alunos. Ao final do processo, sabemos que todos os estudantes receberam a nota adequada", completa Gisele.

Trechos de redações que tiraram nota 10 no Enem 2006
Título: Ler para compreender"Porém, conter um bom vocabulário não torna-se (sic) o único meio de “vencer na vida”. É preciso ler e compreender para poder opinar, criticar e modificar situações. Diante de tudo isso, sabe-se que o mundo da leitura pode transformar, enriquecer culturalmente e socialmente o ser humano. Não podemos compreender e sermos compreendidos sem sabermos utilizar a comunicação de forma correta e, portanto, torna-se indispensável a intimidade com a leitura."

Título: Benefícios da leitura "A leitura permite ao homem se comunicar, aprender e até mesmo desenvolver, trabalhar suas dificuldades. Em reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à leitura, a importância de agente fundamental para a transformação social do nosso país. Através do conhecimento da língua, todos tem (sic) acesso à informação e são capazes de emitir uma opinião sobre os acontecimentos. Ter opinião é cidadania e essa parte pode ser a grande transformação social do Brasil."
Título: Quadro negro"Em uma esfera mais prática, pode-se perceber que nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não deixou seu legado através da escrita, dos seus livros, das anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossilizados ou produções da imprensa de Gutenberg, muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada"

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Justiça proíbe UnB de cobrar taxa para emitir diplomas

da Folha Online
Uma decisão do juiz federal substituto da 13ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, proibiu a UnB (Universidade de Brasília) de cobrar taxas para emitir diplomas aos graduados no ensino superior a partir deste semestre. A decisão foi tomada anteontem (13).
O pedido de proibição da cobrança foi feito pelo Ministério Público Federal. O argumento era de que as taxas feriam o "princípio da gratuidade do ensino público".
De acordo com a jurisprudência do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, a cobrança de taxas para emissão de diplomas é ilegítima nas instituições privadas pois os serviços estão devidamente remunerados pela mensalidade. Nas instituições públicas, portanto, entendeu o juiz, a emissão deve ser gratuita.
Fonte: Folha On-line

Justiça suspende cobrança por diploma no Maranhão

da Agência Folha
A Justiça Federal do Maranhão proibiu a cobrança de taxa de expedição ou registro de diploma em seis instituições privadas de ensino superior do Estado.
Segundo a decisão do juiz federal Marcelo Dolzany da Costa, de São Luís, resolução do Conselho Federal de Educação estabelece que o pagamento por serviços relativos ao ensino, entre eles o fornecimento de diploma, já está incluído na anuidade paga pelos alunos. A resolução proíbe também, segundo a decisão, que instituições de ensino condicionem o fornecimento do diploma ao pagamento de taxas.
A decisão não atinge os alunos das universidades públicas do Estado. Segundo o Ministério Público Federal no Maranhão, autor da ação, estudantes das universidades federais e estaduais não pagam mensalidade e, por isso, a cobrança pelo diploma foi mantida.
A UFMA (Universidade Federal do Maranhão), instituição que faz o registro dos diplomas no Estado, informou que cobra R$ 50 de alunos da instituição e R$ 100 de estudantes de outras faculdades para fornecimento do documento.
A ação civil pública proposta pela Procuradoria foi motivada por representação de aluna da FAC São Luís (Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas), que relatou a cobrança de R$ 300 pelo diploma. A FAC São Luís informou que não cobra taxa de expedição do diploma e que irá recorrer da decisão no que se refere ao pagamento, pela instituição, da taxa de registro cobrada pela UFMA.
O diretor-financeiro da Faculdade Santa Fé, Felipe Mussalem, uma das instituições atingidas pela decisão, disse suspendeu a taxa de R$ 108 pelo diploma, mas que não é possível absorver os R$ 100 cobrados pela UFMA. Ele disse que irá recorrer caso o juiz entenda que a instituição deva absorver também esse custo. Outras instituições atingidas disseram que estão avaliando a possibilidade de recorrer.

O que muda com a reforma da língua portuguesa

As novas regras da língua portuguesa devem começar a ser implementadas em 2008. Mudanças incluem fim do trema e devem mudar entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro. Veja abaixo quais são as mudanças.

HÍFEN

Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em "antirreligioso", "antissemita", "contrarregra", "infrassom". Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, "hiper-", "inter-" e "super-"- como em "hiper-requintado", "inter-resistente" e "super-revista"
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: "extraescolar", "aeroespacial", "autoestrada"

TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados

ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. "pára" (flexão do verbo parar) de "para" (preposição)
2. "péla" (flexão do verbo pelar) de "pela" (combinação da preposição com o artigo)
3. "pólo" (substantivo) de "polo" (combinação antiga e popular de "por" e "lo")
4. "pélo" (flexão do verbo pelar), "pêlo" (substantivo) e "pelo" (combinação da preposição com o artigo)
5. "pêra" (substantivo - fruta), "péra" (substantivo arcaico - pedra) e "pera" (preposição arcaica)

ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras "k", "w" e "y"

ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus derivados. A grafia correta será "creem", "deem", "leem" e "veem"
2. em palavras terminados em hiato "oo", como "enjôo" ou "vôo" -que se tornam "enjoo" e "voo"

ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia"
2. nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: "feiúra" e "baiúca" passam a ser grafadas "feiura" e "baiuca"
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem

GRAFIA
No português lusitano:
1. desaparecerão o "c" e o "p" de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como "acção", "acto", "adopção", "óptimo" -que se tornam "ação", "ato", "adoção" e "ótimo"
2. será eliminado o "h" de palavras como "herva" e "húmido", que serão grafadas como no Brasil -"erva" e "úmido"

Brasil se prepara para reforma ortográfica

DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo


O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.

O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram --especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.

O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.

É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."

Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.

António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se pode esperar resultados imediatos."

A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.

"O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz Moreira.

"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A Corrente do Bem - Pay it Forward


A Corrente do Bem
Como iniciar grandes transformações a partir de pequenos passos


Pensar na escola como sendo um lugar que pode gerar uma transformação tão grandiosa que ultrapasse os limites espaciais da vida de um estudante é algo que nos parece longe demais, no entanto, o filme a "Corrente do Bem" parte dessa premissa, parece querer nos dizer que o aquilo que nos parece aparentemente impossível pode estar ao nosso alcance.
A história do filme tem um grande mérito em seu currículo, já foi capaz de promover o surgimento nos Estados Unidos de um movimento assemelhado ao que foi apresentado nas telas, portanto, como dizemos na gíria, "moveu montanhas".

Vamos ao filme, trata-se da história de um garoto de 12 ou 13 anos, portanto um aluno de 7ª Série, com as aulas começando, em seu primeiro dia. Quando o garoto e seus colegas chegam a sala de aula, encontram o professor de geografia os aguardando, sentado em uma cadeira, a meditar sobre os pontos que pretende desenvolver nesse primeiro encontro com seus novos alunos. Quando todos estão sentados e instala-se um necessário silêncio, o professor inicia suas atividades apresentando-se e falando sobre os propósitos de seu curso e das dificuldades de se trabalhar com adolescentes; apesar de ter marcado o mapa na lousa em diversos pontos, o professor despreza o material e propõe uma atividade diferenciada, pergunta aos alunos sobre a possibilidade de desenvolvimento de um projeto, mas não um simples trabalho escolar, algo que vá além, que gere consequências, que provoque transformações.

Apesar de inicialmente termos a idéia de que tal professor (vivido pelo oscarizado Kevin Spacey, premiado pelo seu trabalho no crítico "Beleza Americana") é conservador e que suas aulas devem corresponder a sua postura e atitude diante do grupo, esta proposta inicial nos coloca diante de uma nova perspectiva, mais bela, mais poética, mais revolucionária.
Se ficamos interessados pela proposta, imaginem então, como reagiriam alunos de 12 ou 13 anos. Isso mesmo, a princípio, com grande indiferença, a não ser por um dos garotos, de nome Trevor, personificado pelo impressionante Haley Joel Osment (do surpreendente suspense "O Sexto Sentido" e do instigante "AI - Inteligência Artificial"), que cria a "Corrente do Bem". Essa corrente funciona como as pirâmides através das quais as pessoas tentam ganhar dinheiro ou livros, por exemplo, só que ao invés de utilizar essa artimanha para multiplicar os ganhos materiais, a proposta do garoto encaminha-se no sentido de fazer com que as pessoas pratiquem o bem para os outros, sem esperar qualquer devolução ou retorno.

Cada pessoa teria que fazer o bem para 3 indivíduos e, pedir que os outros continuassem fazendo o mesmo, ou seja, praticando o bem para outras pessoas e pedindo que elas estendessem essa corrente indefinidamente. De 3 benfeitorias ou benefícios prestados passaríamos numa segunda etapa para 9, dos 9 para 27 e, assim sucessivamente.
Perceberam como, uma simples idéia lançada numa sala de aula acabou por se tornar uma verdadeira revolução no pensar e no agir?

Além de nos provocar para que, como professores procuremos fazer com que nossos pequenos esforços se tornem grandes em seus resultados gerais para nossos alunos e nossas comunidades, o filme traz ainda discussões importantes acerca do respeito pelas diferenças, das dificuldades de relacionamente familiar nos tempos em que vivemos e, mais especificamente, da dificuldade que temos em entender os mais jovens (parecemos não querer escutá-los, mesmo quando nos mostramos atentos; parecemos não nos importarmos com o que os jovens pensam, quando deveríamos participar nossas opiniões e saber escutar a deles; apesar de toda rebeldia, muitos deles querem e precisam muito de nosso apoio).

O filme é muito interessante no sentido de despertar diálogos, de nos fazer entender pelos jovens e de nos fazer atentos a suas colocações, de nos fazer promover uma possibilidade de maior entendimento entre pais e filhos (fundamental para a educação!) e de aproximar as escolas daquilo que seja significativo para os estudantes, a comunidade e mesmo para nós, professores!

Fonte do Artigo: Planeta Educação

João Luís Almeida Machado
Mestre em Educação, Arte e História da Cultura (Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo); Professor universitário atuando na Faculdade Senac em Campos do Jordão; Professor de Ensino Médio e Fundamental em Caçapava, SP; Editor do Portal Planeta Educação

Ficha Técnica

A Corrente do Bem
(Pay it Forward)

País/Ano de produção:- EUA, 2000
Duração/Gênero:- 122 min., drama
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Mimi Leder
Roteiro de Mike Rich
Elenco:- Kevin Spacey, Haley Joel Osment, Helen Hunt, Jon Bon Jovi,
James Caviezel, Angie Dickinson, Shawn Pyfrom, Jay Mohr.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Estatal, comunitária, privada, não governamental...

A Educação é sempre um serviço público, oferecido por diferentes agentes, e por isso precisa ser tratada como um sistema integrado
Estatal, governamental, público e gratuito são tomados às vezes como sinônimos, mas não são. A telefonia, por exemplo, é um serviço público não gratuito, explorado por empresas sob concessão governamental. A limpeza e a iluminação urbanas funcionam graças a impostos específicos. Outros serviços, como o atendimento em hospitais privados no Sistema Único de Saúde, podem ser gratuitos para o usuário, mas o Estado paga por eles.

Educação também é um serviço público nem sempre gratuito. É obrigatória a oferta do ensino básico em escolas públicas (gratuitas), mas, ao permitir que se deduza do Imposto de Renda uma parte das despesas com instrução, o governo acaba também custeando agentes privados. É semelhante ao que ocorre em programas oficiais de crédito educacional, em que faculdades e outras instituições recebem as mensalidades (bancadas pelo governo) e também subsídios, na forma de isenção de impostos. Será que estamos, sem formalizar, iniciando um Sistema Único de Educação?

Essa discussão, infelizmente, não tem sido acompanhada atentamente pela população, mas nós, professores, precisamos conhecer os princípios que regem nosso trabalho em escolas públicas, comunitárias e privadas. A falta da clareza dificulta a comparação entre as formas pelas quais a Educação é oferecida, como se pode ver abaixo:

Quem tem filhos em escolas particulares reclama que o valor que pode ser descontado do Imposto de Renda é baixo, muito inferior ao custo das mensalidades. Isso é verdade, mas poucos percebem que essa dedução que subsidia a Educação privada é maior que o custo de um aluno na rede pública. Ou seja, deve-se onerar o Estado ampliando esse desconto ou eliminá-lo e investir só no ensino público, reduzindo a demanda pelo particular?

Escolas comunitárias, sem fins lucrativos, gostariam de ser subsidiadas pelo menos com o custo-aluno do ensino público. É razoável atendê-las ou, ao contrário, a existência delas só denuncia a falta de uma boa Educação oficial?

Muitas escolas nas maiores redes públicas desejariam ter autonomia na escolha dos professores e no uso dos recursos para aperfeiçoar seu trabalho. É possível emancipá-las ou, ao menos, reuni-las em redes distritais menores, cujo trabalho poderia ser observado mais de perto pela comunidade?

E isso sem falar nas muitas ONGs que apóiam o trabalho das escolas. Com recursos públicos e privados, o terceiro setor - que não é público nem privado - tem presença expressiva em nosso sistema educacional. Falta a nossas leis e diretrizes educacionais, elaboradas há uma década, uma visão sistêmica, até mesmo para a definição e distribuição dos recursos. Por isso, é hora de discutir como deveria ser oferecida a Educação para todos e como financiar seus muitos agentes. De um lado do debate estão os que deixariam toda a oferta ao sabor do mercado. De outro, os que a atribuiriam unicamente ao aparato estatal. A realidade não cabe em nenhum desses extremos e é essencial lidar com múltiplos interesses políticos, econômicos e corporativos - isso tem de ser enfrentado.

Mães e pais convivem com a falta de clareza do sistema, a cada novo período de matrículas, e essa confusão também atinge professoras e professores, que se dividem entre redes oficiais e privadas, com diferentes regimes funcionais e previdenciários. Não pense que isso é assim em todo o mundo, porque não é. Pode ser limitada nossa capacidade de intervir, mas não podemos nos omitir.
Fonte: Revista Nova Escola

Por uma formação inicial com mais qualidade



Projeto de lei propõe a criação da residência pedagógica para oferecer aos professores novatos um contato mais efetivo com a realidade escolar logo após a graduação

Débora Didonê

Faça o Download da matéria aqui
Fonte: Revista Nova Escola

Entrevista com Ane-Marie Chartier

Residência à francesa

Formação inicial dos docentes franceses prevê quatro tipos diferentes de estágio. Segundo pesquisadora, isso garante que os professores em início de carreira assumam suas primeiras turmas de forma segura

Débora Didonê

A França, de onde vieram as antigas Escolas Normais, está bem à frente do Brasil quando se fala em formação inicial do professor. Lá, o profissional se forma em Institutos Universitários de Formação de Mestres (IUFMs) e não entra na sala de aula se não estiver seguro de sua função na escola – seja para assumir uma turma ou para se integrar à rotina da instituição. Para conhecer esse processo, semelhante ao que se propõe com a residência pedagógica brasileira, acompanhe uma entrevista com a pesquisadora francesa Ane-Marie Chartier, do Instituto Nacional de Pesquisas Pedagógicas, em Paris.

NOVA ESCOLA > Qual é o modelo de residência na França?
Ane-Marie Chartier > Nós não utilizamos o termo residência, como se diz na Medicina, e sim estágios em escola. São três os modelos: o de observação, quando o professor novato assiste ao que um docente experiente faz na sala de aula; o de prática acompanhada, quando o novato passa atividades à turma do veterano, sob orientação dele; e o de responsabilidade, quando o estagiário assume a sala de aula enquanto o titular da turma é liberado para um período de formação contínua. Estes duram de um a três meses. Neste ano, foi criado um quarto modelo de estágio. Durante um ano, uma vez por semana, o estagiário assume a sala de aula de um docente mais experiente.

NE > Como é a seleção dos professores nas IUFMs?
Ane-Marie > O professor dos anos iniciais é formado por Institutos Universitários de Formação de Mestres (IUFMs), que exigem um diploma correspondente ao da conclusão do Ensino Médio. Esse diploma pode ser de qualquer especialidade, até de Enfermagem. No primeiro ano, o novato estuda para o concurso de admissão, quando faz provas escritas de Francês, de Matemática e de uma disciplina científica a sua escolha (História e Geografia, Física e Tecnologia ou Biologia e Geologia). No teste prático, há prova de Educação Física e uma disciplina de Arte, a escolher (Artes Plásticas, Música ou Literatura Juvenil). No fim, há uma prova oral eliminatória sobre a profissão, em que se comentam textos específicos ou se debate sobre a atualidade. Em seguida, o novato se torna funcionário público estagiário, com direito a um salário inicial, e faz os estágios de observação ou de prática acompanhada. No segundo ano, passa pela formação profissional prática, quando faz o estágio de responsabilidade.

NE > Além dos estágios, o que mais é preciso para o professor assumir definitivamente uma sala de aula?
Ane-Marie > Além dos cursos feitos em uma IUFM em cada disciplina de ensino, o estagiário deve redigir uma monografia de 30 páginas sobre um tema de sua escolha (por exemplo, como alunos de 9 a 10 anos podem usar o computador em Matemática ou dificuldades comuns em ortografia), sempre baseado em pesquisas e obras pedagógicas de consulta e também com sua prática nos estágios. O trabalho, que ajuda o professor a aliar teoria e prática, é defendido pelo novato em uma banca no fim de um ano.

NE > O professor recebe também noções de gestão durante seus estágios?
Ane-Marie > Se for gestão de sala de aula, relacionado à autoridade, à relação com as crianças, às disciplinas, existe uma preparação nos estágios de observação e nos estágios em responsabilidade. Quanto à gestão administrativa, há uma preocupação mais superficial. Os estagiários aprendem nas próprias escolas o que eles devem fazer nos quesitos responsabilidade, segurança, controle de presença, socorro em caso de emergência, entre outros. Além disso, o tema é tratado nas aulas de formação geral. No segundo ano da IUFM, existem análises de práticas, que consistem em pedir a um ou dois participantes que apresentem casos em que encontraram dificuldades para discussão. O objetivo não é necessariamente achar uma solução, mas fazer com que o profissional partilhe de suas preocupações com os colegas.

NE > Qual a relação ideal entre o curso de formação, o estagiário e a escola onde ele atua?
Ane-Marie > Enquanto o estagiário está na sala de aula, o formador vai assisti-los e dar conselhos. Como há dois estágios, em dois níveis diferentes, se um não correu bem, o novato tem chance de se recuperar em outro. Ele recebe visita de pelo menos três formadores diferentes. E também é observado e orientado pelo titular da turma em que estagia.

NE > O que é levado em conta na avaliação do estagiário?
Ane-Marie > Existem dois critérios de avaliação. Um é a capacidade de estabelecer uma relação conveniente com os alunos, de conduzir o trabalho, de ser respeitado na escola. Outra é o investimento que ele faz no trabalho, se usa bem seu material de ensino, se prepara boas aulas, se corrige com cuidado os cadernos, se tem boas iniciativas. Dificuldades e erros didáticos são tolerados, já que se trata de um cuidado com a aptidão de ensinar, e não de ter domínio da profissão. Estagiários considerados inaptos não são efetivados. Voltam a estudar e são reexaminados no ano seguinte, quando podem ser admitidos ou não – isso acontece com apenas 1 a 2% dos estagiários.

NE > Como essa formação prática se reflete nas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental francesas? Você avalia que os professores se sentem seguros na profissão?
Ane-Marie > Sim, creio que são suficientemente bem preparados e bem vistos pelos supervisores. A maior dificuldade encontrada, especialmente na classe média, é no contato com crianças de camadas populares. Nesse sentido, ainda se considera a formação inicial muito curta. Há dois anos, existe a formação contínua obrigatória de 10 dias nos dois primeiros anos na função, quando o professor novato recebe ajuda dos coordenadores pedagógicos e supervisores e dos formadores para se adequar às escolas.

Educação Infantil é prioridade

Municípios viram referência ao criar metas e prazos para universalizar o acesso à primeira etapa da Educação Básica e melhorar a qualidade do ensino
Por:
Adriana Reis

A Educação Infantil vem passando por um longo e permanente processo de transformação no Brasil, especialmente nos últimos 20 anos. Se antes as escolas responsáveis pela fase inicial do aprendizado da criança adquiriam caráter de assistência social, hoje é consenso que essas instituições são, sim, um assunto do âmbito da Educação. Mais do que isso: especialistas, educadores e pesquisadores reconhecem a importância do desenvolvimento integral nos primeiros anos de vida e encaram a vivência escolar como parte essencial desse processo. A preocupação se reflete na inclusão do tema como um dos itens do Compromisso Todos Pela Educação, lançado pelo Ministério da Educação (MEC) como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação.

Embora a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) defina a Educação Infantil como “primeira etapa da educação básica” (artigo 29) e delegue a ela a finalidade de “desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”, na prática, ainda são tímidos os investimentos nesse sentido, especialmente no ensino público, uma responsabilidade dos governos municipais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a educação brasileira atende a somente 33% das crianças entre zero e seis anos. O Censo Escolar de 2003 revela que, no país, apenas 10,6% de crianças entre zero e três anos freqüentam a escola ou a creche. A estatística também mostra que o número de excluídos do universo escolar, nessa faixa etária, chega a 11 milhões. Entre os quatro e seis anos de idade, 30% das crianças (cerca de três milhões) estão fora da escola.
“Nenhum município do país conseguiu atender a 100% de suas crianças dessa idade. Quem disser que o fez está mentindo”, afirma a especialista em Educação Infantil Karina Rizek Lopes, coordenadora de projetos da Escola de Educadores, centro de formação localizado em São Paulo. No entanto, algumas cidades têm se destacado por assumir esse compromisso e estabelecerem metas concretas para a efetiva universalização na Educação Infantil.

Ampliar a rede
Em 1993, Belo Horizonte fez uma triste constatação: a procura dos alunos na Educação Infantil excedia em mais de 100% o número de vagas oferecidas. Além disso, a maior parte das escolas em funcionamento era da rede conveniada – mantida por associações, igrejas e institutos que prestam atendimento ao município por meio de parcerias –, e não da própria prefeitura. “Naquele momento, decidimos formular uma política articulada tendo como principal meta a expansão do atendimento na rede pública municipal”, lembra Rita Coelho, assessora de Políticas de Educação Infantil, da Secretaria da Educação do município.

Além de triplicar os recursos para a área, o que possibilitou a construção de novas unidades, a cidade também estabeleceu critérios para o preenchimento das vagas. A prioridade, desde então, é atender às crianças com mais vulnerabilidade social, ou seja, aquelas que vivem em situação de pobreza, as vítimas de violência e abandono e as crianças com deficiência. O levantamento dessa informação é possível porque o trabalho é intersetorial, com participação das secretarias de Assistência Social e Saúde. Atualmente, a rede de ensino de Belo Horizonte atende a quase 34 mil crianças na Educação infantil (72% da demanda); as menores, entre zero e três anos de idade, ficam na escola em período integral. Alunos de quatro e cinco anos estudam em tempo parcial e, a partir dos seis, ingressam no Ensino Fundamental, desde 1998. “Nossa intenção não é apenas ampliar o acesso, mas permitir a permanência desses alunos nas escolas”, afirma a gerente de Educação Infantil da capital mineira, Mayrce Terezinha da Silva Freitas.

Sob o aspecto da melhoria da qualidade do ensino, o município estimulou os professores a buscar a formação mínima indicada pelo Ministério da Educação, ou seja, o nível médio Normal. Outro incentivo foi a criação de um plano de carreira específico para o educador infantil. Além de dar continuidade a esse trabalho, a secretaria de Educação estuda a possibilidade de aplicar, a partir do ano que vem, uma política de avaliação, para constatar os avanços e identificar os pontos em que o projeto não funciona tão bem. “O fundamental disso tudo é perceber a criança como sujeito de direitos, que deve ser atendida na sua necessidade de ter uma educação de qualidade”, acredita Mayrce.

Pólo da educação no Nordeste
Essa mobilização que reuniu poder público e sociedade civil na capital mineira também começa a mudar a realidade da cidade cearense de Sobral, distante 230 quilômetros de Fortaleza e localizada na região do semi-árido brasileiro. Seus 155 mil habitantes (IBGE, 2000) decidiram fazer da educação sua prioridade. Primeiro, criaram um plano de ação para garantir que todas as crianças freqüentassem o Ensino Fundamental – algo previsto na Constituição de 1988, mas que ainda não era realidade por lá. Em 2001, a cidade ampliou o Ensino Fundamental para nove anos, atendendo às crianças de seis anos de idade. Dois anos mais tarde, Sobral registrava 100,16% de taxa de escolarização líquida, de acordo com o Censo Escolar. O número é possível porque Sobral passou a receber alunos de cidades vizinhas, tornando-se um pólo de educação da região. Etapa vencida, hora de olhar com mais carinho para a Educação Infantil.

O primeiro passo, assim como no processo anterior, foi ampliar o número de vagas. “Temos um desafio, que é o espaço físico. Por isso, nossa decisão foi a de construir centros exclusivos para atender a essa demanda”, explica a coordenadora de Educação Infantil de Sobral, Edna Lúcia de Carvalho Lima. Três desses centros foram inaugurados em 2004 e, de acordo com o plano estratégico da prefeitura, outros oito serão concluídos nos próximos anos. Hoje, a rede de educação de Sobral atende a 6,5 mil das 25 mil crianças da cidade. Como se vê, há muito trabalho pela frente, mas o caminho parece trilhado.

A melhoria da qualidade nas escolas de Sobral tem sido perseguida com cursos de formação continuada oferecido aos educadores. “Eles se encontram mensalmente para discutir questões teóricas e práticas sobre Educação, montar atividades nos eixos de linguagem, matemática, música e recreação, e trocar experiências”, conta Edna. Assumir a Educação como compromisso da cidade como um todo, e não de um governo isolado, faz com que os investimentos sejam contínuos e garante que o projeto não seja interrompido.
Um importante aliado na meta de universalização na Educação Infantil no país é a implementação do Fundeb, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica, que substituiu o antigo Fundef, a partir de janeiro deste ano. A principal diferença é que o novo fundo abrange toda a Educação Básica, incluindo as creches e pré-escolas. “Tínhamos uma grande contradição: por um lado, em 1996 aprovamos a LDB, que estabeleceu o ensino infantil como parte da Educação. Por outro, o governo criou o Fundef, que deixava essa etapa de fora. Sem verbas, ficava difícil para os municípios investir”, explica a especialista Karina Rizek Lopes.

A mobilização maior da sociedade, que se organiza em projetos e campanhas como o compromisso Todos pela Educação, também é visto como algo positivo, porque toda sociedade assume a responsabilidade por melhorar a qualidade do ensino. O Ministério da Educação procura colaborar com a formação dos professores. Em 1999, aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. A pasta também reúne estudos sobre o tema, reunidos em livros como os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil
(ambos disponíveis no site do MEC).

A professora da faculdade de Educação da USP Marieta Lúcia Machado Nicolau vê com otimismo a mudança de postura com relação à Educação Infantil no país. “Hoje, ninguém questiona o direito garantido da criança pela Educação, desde cedo”, afirma Marieta, que coordena o Programa de Educação Continuada oferecido aos municípios. “Antes havia uma bifurcação entre assistir e educar. Tento mostrar que se educa assistindo e se assiste educando, para atender às crianças de forma integral”.
No Jardim de Infância

As primeiras instituições brasileiras de atendimento às crianças de zero a seis anos surgiram ainda no Império com intuito de amparar as que eram abandonadas nas ruas das cidades, como os orfanatos, os asilos para pobres e a Santa Casa de Misericórdia, com sua roda dos expostos. Mas foi o desenvolvimento da medicina e da microbiologia - e a viabilização da amamentação artificial - que possibilitou amparar essas crianças sem os alarmantes índices de doenças e de mortalidade da época.
Um dos pioneiros nessa experiência no exterior foi o médico Friedrich Froebel - idealizador dos Jardins de Infância. Essa idéia chega ao Brasil na década de 1870, com divulgação no jornal do médico Carlos Costa, e é aplicada na sala de jardim de infância aberta ao lado de uma igreja protestante americana instalada em São Paulo. A iniciativa inspirou duas outras: uma no colégio Menezes Vieira (Rio de Janeiro/1875) e no Caetano de Campos (São Paulo/1896), que adaptou a pedagogia de Froebel para a realidade brasileira. Em 1924, já eram 47 as instituições entre creches e jardins de infância pelo Brasil, principalmente nas capitais.
A partir daí, muitas creches são instaladas para atender aos filhos dos operários, sempre ligadas à Assistência Social, embora houvesse, em muitos casos, profissionais da área pedagógica orientando seu funcionamento. A partir de 1980 a sociedade passa a discutir a possibilidade de inclusão das pré-escolas na Educação Básica, intenção concretizada na Constituição de 1988. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, ratifica essa decisão, enfatizando que a Educação é um direito da criança e que deve, portanto, ser universal.

Educação


Um fenômeno que já pode ser observado é a democratização da internet pode ter reflexos bem mais importantes no desempenho dos estudantes das escolas públicas do que se imagina.

A difusão de lan houses pelas periferias e bairros mais humildes de pequenas e grandes cidades brasileiras, ao que parece, começa a provocar um fenômeno que já pode ser observado: a democratização da internet pode ter reflexos bem mais importantes no desempenho dos estudantes das escolas públicas do que se imagina. Em vários sentidos: na melhoria do aprendizado e do rendimento, em sua preparação para desafios como vestibular etc. A sala de aula para essa leva de incluídos tende a ficar desinteressante. Não por acaso, faz algum tempo, a internet ronda as escolas e quer entrar de qualquer jeito. Para o bem, claro.

Até mesmo nos colégios particulares, onde essa integração ainda não se deu por completo. O resultado disso é que se existe uma certeza no mundo da pedagogia é somente a de que o quadro-negro, a caixinha de giz e o apagador – materiais básicos de ensino que existem há séculos – estão com prazo de validade vencido. Fazer do computador e da internet objetos integrados para o aprendizado escolar é uma coisa possível, viável e necessária faz algum tempo. As ferramentas existem e dependem de iniciativas e de vontade política. Só isso? Não, a situação é bem complexa, simplesmente porque ainda não se sabe qual a melhor forma de fazer isso, mesmo que as salas sejam ocupadas por computadores. Nem de que modo.

Os desafios vão desde o papel do professor, do aluno, da escola e do poder público até se descobrir como tornar esse mecanismo eficiente, uma vez que suas múltiplas possibilidades fazem da rede mundial de computadores uma atração irresistível e dispersiva para crianças e adolescentes. Os desafios vão além. É necessário saber também como evitar o mau uso da internet na execução de trabalhos escolares, uma vez que é comum que alunos – inclusive do ensino superior – copiem material disponível ou reproduzam informações que são erradas ou imprecisas. Ou cometam infrações como plágio ou apropriação de idéias alheias.

Por tudo isso, integrar escola e internet se tornou o maior desafio para quem pensa, discute e planeja a educação em todo o planeta. A rede pode desde servir de suporte à educação a distância até fornecer informação, complementando a visão de ferramenta de instrução do processo ensino-aprendizagem ou na elaboração de atividades que auxiliam o aprendiz na construção de seu conhecimento. É o que observa o professor José Armando Valente, do Departamento de Multimeios e Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp. Nos dois casos, diz ele, as formas de utilizá-la devem ser determinadas pela intenção pedagógica do professor, que ainda procura uma forma viável de fazer isso. Como observa Valente, os educadores têm consciência de que a internet dispõe dos mais modernos recursos de manipulação da informação para auxiliar o aluno em pesquisas sobre determinado assunto, no desenvolvimento de projetos, na comunicação com outras pessoas, na publicação dos resultados de trabalhos etc.

Para o pesquisador, quanto mais sofisticado o processo de ensino e quanto mais preparado (mais maduro e consciente do que quer ser na vida) for o aprendiz, mais a internet pode ser útil na sua formação. Um exemplo partiu da Unicamp, que adotou o ensino aberto, que oferece todas as disciplinas da graduação em um ambiente de educação a distância, via internet. O professor da disciplina pode usá-lo ou não, de acordo com a sua proposta pedagógica. No caso de uso, em algumas situações, tem significado a extensão da sala de aula – a continuação das discussões, via os recursos do ambiente –, repositório de trabalhos dos alunos ou do material de apoio etc. Especialista em educação a distância, o professor da Escola Politécnica da USP e Centro Universitário Senac Rometo Tori tem nos filhos exemplos do quanto a internet tem forçado especialistas a buscarem caminhos para levar a tecnologia digital ao aprendizado.

“Se a escola não levar a internet à sala de aula, os alunos a levarão. Já faz alguns anos que presencio meus filhos, cursando ensino fundamental, fazerem pesquisa na internet e trabalhos em equipe a distância, via programa de comunicação instantânea. E não era a escola que pedia para eles fazerem dessa forma, nem eu os incentivava; era algo natural e óbvio para eles.”
Assim, sugere ele, a discussão não deve ser “se a internet deve ou não ser adotada em sala de aula”, mas sim “como”. Tori diz que isso deve ser feito como qualquer outra mídia. Ou seja, com planejamento e acompanhamento. “Até para dar uma aula com lousa e giz é preciso planejar. A lousa não ensina por si só. Nem a internet.” Um grande diferencial da internet em relação à maioria das mídias até hoje empregadas em educação é a interatividade, acrescenta. “Sendo assim não faz sentido, por exemplo, colocar o aluno em frente ao browser e esperar que preste atenção numa aula expositiva.” Fenômeno - Para o professor, a mídia deve ser adequada ao método pedagógico que se deseja empregar em cada atividade de aprendizagem.

Como um curso pedagogicamente bem planejado não se baseia em uma única técnica pedagógica, explica ele, haverá momentos em que a internet terá papel de destaque e outros em que poderá (ou até deverá) ser dispensada. “Não podemos nos esquecer do fenômeno inverso ao de se ‘levar a internet à sala de aula’ que é o de se ‘levar a sala de aula à internet’, que também caminha a passos largos e vem apresentando ótimos resultados, seja na educação a distância, seja no apoio à educação presencial.”

Em São Paulo, para estudar o tema, foi criado na USP o Laboratório de Investigação de Novos Cenários de Aprendizagem – Escola do Futuro, núcleo de pesquisas vinculado à pró-reitoria. Sua função é investigar como as tecnologias de informação e comunicação podem ser incorporadas à educação. A coordenadora Sílvia Fichmann explica que o projeto conta com grupos de pesquisadores de várias áreas de conhecimento. “O que se propõe é que haja uma mudança nos paradigmas educacionais, uma vez que as transformações provocadas pela revolução digital exigem uma mudança de percepção dos educadores em relação à aprendizagem, uma nova postura e uma nova forma de ensinar em que o aluno tem um papel ativo e o professor assume o papel de mediador”, observa.

Em funcionamento há quase uma década, a Escola do Futuro desenvolve projetos para instituições públicas e privadas. Desde o ano de 2000, por exemplo, trabalha com o Tonomundo, que busca contribuir para a formação de educadores de ensino fundamental de escolas públicas em 16 estados brasileiros. As tecnologias de informação e comunicação, afirma Sílvia, são ferramentas que contribuem para que os alunos aprendam de forma autônoma os diferentes estilos de aprendizagem. “O problema é que os professores não estão preparados para essa mudança e para o uso da tecnologia como ferramenta educacional e continuam insistindo em manter as práticas pedagógicas e os recursos tradicionais.”

Existem, segundo a educadora, vários obstáculos para que os professores utilizem a internet como ferramenta educacional. Dentre eles a falta de equipamentos e conexão com a internet na maioria das escolas. Sem contar que aqueles que os possuem têm dificuldade na manutenção dos mesmos. E mais: ausência de uma reformulação do currículo escolar que proponha atividades com o uso da tecnologia, a falta de condições para que os professores se reciclem, a carga horária escolar que inviabiliza atividades no laboratório de informática. “A internet deve ser utilizada como fonte complementar de pesquisa, os professores devem orientar os alunos sobre como encontrar as informações, selecionar as informações pertinentes e utilizá-las em seus trabalhos”, sugere Sílvia. César Nunes, doutor e pesquisador associado à Escola do Futuro, afirma que existem três grandes frentes positivas para o uso da internet em sala de aula: o acesso a todo tipo de informação, a troca de dados com colegas e especialistas e a publicação de material produzido pelos próprios alunos.

A combinação dessas características permite ter um ensino centrado no aluno, no qual ele se torna responsável por coletar, validar e organizar a informação, desenvolver suas habilidades de comunicação e aprender fazendo, produzindo, seu próprio material. “Essas frentes preparam o aluno para a sociedade atual, em que todos devem ser produtores de conhecimento, e não simplesmente absorvedores.” A internet, como ferramenta de ensino, apresenta uma vantagem crucial se comparada a outras mídias, como os impressos, o rádio ou a TV: o imenso potencial de interatividade inerente à estrutura hipertextual. É o que ressalta Fábio Massaharu Nogi, mestre em odontologia social pela USP com a tese “A internet como ferramenta de apoio pedagógico no processo de ensino-aprendizagem em odontologia legal”.

A representação das informações em hipertextos, diz ele, proporciona o rompimento com as seqüências estáticas e lineares das mídias tradicionais. “Dessa forma, disponibiliza um leque de possibilidades no processo de obtenção da informação, permitindo ao usuário interligar as informações conforme os seus próprios interesses e necessidades, navegando e construindo seqüências personalizadas em sua consulta.” Para Nogi, pode-se utilizar a rede no processo de ensino-aprendizagem de diversas formas e com abordagens bem distintas.

Exemplos
Navegação e pesquisa em sites, correio eletrônico, grupos de discussão, videoconferência, fóruns, simuladores, consulta a bases de dados são alguns exemplos de recursos oferecidos citados por ele que podem ser empregados na sala de aula, contribuindo para a realização de aulas mais dinâmicas e interativas.

“Essa riqueza de possibilidades viabiliza a inserção da internet em projetos educacionais com graus de complexidade e dependência variáveis, em função do nível de conhecimento e preparo dos docentes e demais integrantes da equipe de trabalho.”

Popularização

Nogi argumenta que não adianta se equipar das tecnologias mais sofisticadas e inovadoras se esses avanços não agregam benefícios concretos à aprendizagem do aluno. “A popularização da internet promoveu o aumento indiscriminado da oferta de cursos on-line, sem que muitos deles contemplem fundamentos pedagógicos básicos que possibilitem uma aprendizagem mais ativa e colaborativa por parte do estudante”, alerta. Trata-se, diz ele, da postura antiga e tradicional de transmissão unilateral de conhecimentos, centrada na figura do professor e que privilegia a acumulação acrítica de saberes, só que, dessa vez, maquiada por um recurso tecnológico inovador. Dez anos depois do início da massificação da internet, alguns educadores consideram que a influência ou presença da internet na educação escolar não se faz notar com destaque.

Os usos existentes são ainda muito limitados, não exploram os verdadeiros potenciais da internet, como ressalta José Armando Valente. Em muitas escolas o uso tem sido restrito à procura de informação em portais disponibilizados pela instituição. Para conter distorções e mau uso dessa ferramenta, ele sugere que a mesma tem de estar a serviço de processo de resolução de problemas, desenvolvimento de projetos e meio de interação entre aprendizes e entre o aprendiz e especialistas. Sílvia Fichmann acrescenta que, infelizmente, o que se tem constatado na Escola do Futuro é que a maioria dos professores ainda não usa adequadamente a internet com finalidade educacional. “O projeto Tonomundo é um dos que notamos uma evolução nesse sentido, pois ele faz parte de uma comunidade virtual de aprendizagem e desenvolve atividades propostas com o objetivo de potencializar o computador e a internet como ferramenta educacional.”

O debate ainda tem muito para avançar.

Fonte: IG e Melodia

Internet vai facilitar ensino de matemática, química, física, biologia e português


O governo federal quer modernizar o processo de ensino no país. Para isso, vai financiar projetos que envolvam a produção de conteúdos digitais multimídia nas áreas de matemática, língua portuguesa, física, química e biologia do ensino médio. Serão destinados R$ 75 milhões para o financiamento dos projetos. Parte dos recursos, R$ 30 milhões, virá do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia e o restante, do Ministério da Educação (MEC). A portaria interministerial que autoriza a chamada pública para a elaboração dos projetos foi publicada nesta segunda-feira (25) no Diário Oficial da União.

A idéia do governo é que sejam produzidos materiais didáticos em vídeo, áudio e texto - nas cinco disciplinas do ensino médio - que serão disponibilizados aos professores pela internet para tornar as aulas mais criativas, facilitando o processo de ensino e aprendizagem.

Poderão apresentar projetos universidades, instituições de ensino e centros tecnológicos e de pesquisa, públicos ou privados, sediados no país. Segundo a assessoria do MEC, o edital com as regras e os prazos para a elaboração dos projetos deve ser publicado nas próximas semanas. A entrega das propostas deve ser feita até o dia 31 de setembro.


Fonte: Envolverde e
Melodia

Chineses lançam plano de alta tecnologia para monitorar pessoas

Esta é uma forma do governo controlar a população no futuro

Pelo menos 20 mil câmeras de vigilância policiais estão sendo instaladas nas ruas, no sul da China, e em breve serão controladas por um programa sofisticado de computador de uma empresa financiada por americanos para reconhecer automaticamente os rostos de suspeitos da polícia e detectar atividade incomum. O programa terá início neste mês em um bairro portuário e depois se espalhará por toda Shenzhen, uma cidade de 12,4 milhões de habitantes. A maioria dos cidadãos também receberá um cartão de residência contendo um poderoso chip de computador programado pela mesma empresa.

Os dados no chip incluirão não apenas o nome e endereço do cidadão, mas também seu histórico de trabalho, formação educacional, religião, etnia, ficha criminal, condição do seguro saúde e telefone do senhorio. Até mesmo histórico reprodutivo pessoal será incluído, para aplicação da controversa política "um filho" da China. Planos estão sendo estudados para acrescentar histórico de crédito, pagamentos das passagens de metrô e pequenas compras cobradas no cartão. Especialistas em segurança descrevem os planos da China como o maior esforço do mundo para misturar tecnologia de computador de vanguarda com trabalho policial para monitorar as atividades da população e combater o crime, mas também dizem que a tecnologia pode ser usada para violar direitos civis.

Segurança ou 'Big Brother'?

O governo chinês ordenou que todas as grandes cidades do país apliquem a tecnologia no trabalho policial e emitam cartões de residência de alta tecnologia para as 150 milhões de pessoas que se mudaram para uma cidade mais ainda não adquiriram residência permanente lá. Ambas as medidas visam oficialmente combater o crime e desenvolver melhores controles de uma população cada vez mais móvel, incluindo os quase 10 milhões de camponeses que se mudam para as grandes cidades a cada ano. Mas também podem ajudar o Partido Comunista a reter o poder, mantendo controles severos sobre uma população cada vez mais próspera em um momento em que protestos de rua estão se tornando cada vez mais comuns.

"Se não obtiverem o cartão permanente, eles não poderão viver aqui, não poderão obter os benefícios do governo, e esta é uma forma do governo controlar a população no futuro", disse Michael Lin, o vice-presidente de relações com o investidor da China Public Security Technology, a empresa que fornece a tecnologia.

Fonte: NYT e
Melodia

Computador ajuda ou atrapalha no ensino?

Segundo um relatório do Ministério alemão da Educação e Pesquisa, as cerca de 30 mil escolas do país estão equipadas com mais de um milhão de computadores. Desde 2001, todas elas estão conectadas à internet e usam o computador em sala de aula. Mais da metade (57%) das crianças alemãs em idade escolar (de 6 a 13 anos) também usa computador em casa, aponta uma pesquisa representativa sobre consumidores infantis, publicada na semana passada. Peritos vêem nisso um perigo.

"Diante da tela, os alunos desaprendem a trabalhar num texto de forma concentrada e são desviados pela diversidade de capacidades do computador", disse Klaus Hurrelmann, professor de Ciências Sociais da Universidade de Bielefeld, na última terça-feira (08/08), ao jornal Kölner Stadt Anzeiger, de Colônia.

O início do ano escolar na Renânia do Norte-Vestfália, há uma semana, trouxe à tona novamente uma discussão em curso há meses na Alemanha sobre o sentido do uso do computador no ensino. Sobre essa polêmica, desencadeada por notícias de que algumas escolas nos EUA planejam retirar os notebooks e a internet da sala de aula, a DW-WORLD.DE falou com o professor Ludger Wössmann, do Instituto de Pesquisas Econômicas (Ifo) e da Universidade de Munique.

O estudo Pisa (relatório anual da OCDE sobre a situação do ensino nos principais países industrializados) sugeriu que crianças que passam mais tempo diante do computador têm melhor desempenho na aula. O senhor e seu colega Thomas Fuchs, do Ifo, descobriram que acontece o contrário. Nos EUA, já se pensa em retirar os computadores e a internet da sala de aula. Isso confirma mais uma vez a sua pesquisa?

Ludger Wössmann: As referidas escolas nos EUA fizeram a experiência de que o uso do computador e da internet na aula não necessariamente favorece e, sim, até atrapalha o aprendizado. Isso de fato corresponde às nossas conclusões com base nos dados do estudo Pisa.

Essa virada nos EUA pode servir de exemplo também para a Alemanha?

Isso é bem possível. Pelos menos os projetos que vêem o computador como panacéia para a aula, com certeza, deveriam ser questionados.

O computador só impede de aprender na escola e em casa?

No nosso estudo descobrimos que, assim que se desconsiderar efeitos do ambiente familiar, a simples disponibilidade de computadores em casa de fato estava ligada a desempenhos piores em matemática, ciências naturais e compreensão de texto. Parece que os computadores são usados principalmente para brincar. Se isso acontece às custas das tarefas escolares ou da ocupação criativa, isso realmente pode impedir que se aprenda. O efeito negativo é enfraquecido, se o computador for usado para software escolar e pesquisa na internet.

Entre as escolas com e aquelas sem computador não encontramos diferenças significativas de desempenho. Um uso moderado, de até algumas vezes por mês, do computador e da internet na aula contribui para a uma leve melhora do desempenho, mas o uso demasiado intenso, de várias vezes por semana, tem efeitos significativamente negativos. No todo, o uso do computador não parece propiciar muito a aprendizado. Pelo contrário, pode até impedir que se aprenda.

Vale a pena as escolas investirem em PCs ou seria melhor que elas se restringissem ao quadro com giz e aos livros?

Aqui vários fatores são importantes: primeiro, os resultados mostram apenas efeitos negativos em caso de uso excessivo. Portanto, faz sentido voltar aos métodos clássicos de aula, mas não se deve demonizar o uso do computador. Em segundo lugar, tudo depende de como o computador é usado. Nossos resultados mostram que, na média das aplicações atuais, não se vê efeito positivo. Talvez existam melhores possibilidades de uso do computador, mas a realidade hoje não melhora o desempenho escolar. Em terceiro lugar, nossos resultados se referem exclusivamente às competências cognitivas básicas mensuráveis, ou seja, matemática, ciências naturais e leitura. Pode ser que o uso do computador na aula aumente a capacidade dos alunos de lidar com essa tecnologia. Mas, em relação à competência cognitiva, não se deve esperar muito de escolas conectadas em rede. De jeito nenhum se deve esperar dos investimentos na informatização das escolas a grande revolução para um ensino melhor. Isso eles não podem garantir. Para isso, são necessárias outras reformas.

Qual é a vantagem que a internet traz para os alunos?

Ela pode abrir todo um mundo de novas informações, mas também pode desviar a atenção de conteúdos importantes, bem como confundir e transtornar com sua enxurrada de informações. Para usar a internet de forma a favorecer o aprendizado, são necessárias as competências básicas para procurar e avaliar informações.

Fonte: DW-WORLD e
Melodia

Ministério da Educação prevê apagão no Ensino Médio

A falta de professores na Educação Básica em todo o País acendeu o alerta vermelho no Ministério da Educação (MEC). Preocupado com o que definiu em relatório como ameaça de um “Apagão do Ensino Médio”, o ministério instituiu uma comissão especial para estudar medidas em caráter emergencial a fim de superar o déficit de 710 mil professores — 78 mil no Rio — para turmas de 5ª a 8ª série e do Ensino Médio, sobretudo nas disciplinas Física, Química, Matemática e Biologia. O risco do agravamento da falta de mestres é tão sério que o problema se tornou prioridade do governo federal neste semestre.

Segundo o Conselho Nacional de Educação, autor do documento elaborado em maio, há pouco interesse dos jovens pela profissão devido a baixos salários, violência nas escolas e superlotação nas salas. Assim como na crise aérea — agravada pela popularização das viagens de avião —, o ensino vive fase de grande expansão de matrículas: 5,6 milhões em 1998 para 8,9 milhões em 2004. Da mesma forma, os baixos salários e o estresse têm provocado o êxodo de profissionais da aviação e do magistério. Para completar o caos, as vagas abertas com a evasão de mestres e controladores não são preenchidas na quantidade ideal. O resultado são milhares de pessoas sem acesso ao serviço, o que, no caso de estudantes, pode condenar a educação brasileira.

Um retrato fluminense da crise nacional do magistério é a maior universidade do Rio. Ano passado, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) formou 69 professores para lecionar nas quatro disciplinas críticas: 40 em Química, 12 em Física, 11 em Matemática e apenas 6 em Biologia. Só nessas quatro matérias a carência no Brasil é de 272.237 mestres.

No relatório são apresentadas propostas para serem adotadas por escolas e universidades brasileiras. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, o Brasil corre sério risco de ficar sem professores de Ensino Médio na rede pública na próxima década. “A escassez de profissionais já é assunto de decisão estratégica do governo. Não podemos mais continuar formando 5 ou 10 professores”, diz Clélia Brandão Alvarenga, presidente da Câmara de Educação Básica.

MATEMÁTICA: CARÊNCIA CHEGA A 106.634 MESTRES

Os números do relatório do MEC são alarmantes. Algumas disciplinas formaram, em 10 anos, metade do número necessário de professores para cobrir a demanda nacional. Matemática é um dos exemplos mais preocupantes e revela uma crise nacional que está prestes a estourar. De 1990 a 2001, em todo o País, foram licenciados apenas 55.334 professores de Matemática. A carência de docentes da matéria no Brasil chega a 106.634.

Além do número insuficiente de profissionais que se formam anualmente, há ainda os que concluem o curso mas desistem do magistério no início da carreira. Leonardo Moraes é um caso típico de que o sonho de ser professor e a paixão pela sala de aula não são mais suficientes, e um número cada vez maior de docentes abandonam o quadro negro para seguir carreiras mais promissoras. Aos 24 anos, ele está largando as turmas de Matemática do Ensino Médio. “Fiz faculdade por vocação. Queria ser professor e me sentia realizado dentro da sala de aula. Dei aula por dois anos. Mas essa bagunça na rede estadual, as condições precárias das escolas, a falta de estrutura mínima para darmos uma aula decente e o salário que não paga nem as contas, ninguém agüenta”, desabafa.

Leonardo reduziu a carga horária e está dando aulas só à noite. Usa o resto do tempo para enviar currículos e estudar para concurso. Seu objetivo agora é mudar de área: “A urgência é ter um emprego que me dê retorno financeiro. Mas vou fazer vestibular para Engenharia. É uma carreira valorizada, com chances melhores”.

EM DESVANTAGEM NO VESTIBULAR

O déficit de mestres na rede estadual, onde se concentram 85% das matrículas do Ensino Médio, coloca em desvantagem seus candidatos ao vestibular. Dos 13.500 postulantes oriundos da rede pública que se inscreveram no Vestibular 2007 da Universidade Federal Fluminense (UFF), apenas 4,5% conseguiram de fato ingressar na instituição. Mesmo assim, estudantes das públicas passaram para cursos menos concorridos, como as licenciaturas.

A crise no ensino brasileiro compromete a formação de novos mestres. José Carlos da Conceição, 35 anos, cursa o último ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Visconde de Itaboraí (Cevi), em Itaboraí, e até hoje não teve aula de Matemática. Por triste ironia, José Carlos quer ser professor da disciplina, mas está tendo que estudar por conta própria para prestar o vestibular e tentar uma bolsa do ProUni numa faculdade particular. “A turma estava disposta a pagar um professor. Há duas semanas a escola conseguiu um, mas ele ainda não começou”, lamenta.

Fonte: O Dia e
Melodia